[Resenha] Pétreos

Sinopse:
Sir John Taurio, Conde de Alandes e comandante do exército de Rehn, era o melhor amigo do Rei Beath desde a infância e juntos tornaram seu reino o mais forte de todos os conhecidos. A amizade, vista como a base de uma era de ouro, se rompe de maneira inconciliável diante de uma praga agrícola. O Conde acredita que todos devem racionar qualquer suprimento para que o povo consiga sobreviver à crise, enquanto o monarca deseja que os impostos sobre a produção subam para preservar os luxos da nobreza.
John não consegue aceitar as ordens de seu antigo amigo e lança seu condado em uma luta desesperada para se separar do reino. Os homens do condado de Alande têm a escolha de lutar por um mundo novo que ainda não conseguem entender ou aceitar a exploração imposta pela monarquia. Com poucos aliados, Sir John decide não se render ao mundo que até então tinha defendido. Alandes, seu líder e seu povo buscam ser algo maior do que um simples território, eles precisa se tornar um sentimento de liberdade.

Resenha:

Com uma crítica feroz à ideia do “povo pagando pelas riquezas do rei”, PÉTREOS traz, de forma verosímil e com uma escrita fluida e muito bem estruturada, a luta entre o povo que busca sua liberdade da monarquia sanguessuga, e o rei e suas tropas, que tentam a todo custo mostrar sua superioridade para manter seus luxos em dia.


A história, longe de ser um clichê pesado, é, por vezes, temperada com humor e leveza, como se acontece na real convivência entre as pessoas, tratando os nobres e guerreiros não como máquinas de guerra, mas como seres humanos, com dúvidas, medos e apreensões mesclado a um duelo moral nas mentes dos reis John e Beath, e também na de todas as outras personagens. Detalhes minuciosos de comportamento em batalha, hábitos de época, conceitos de agricultura, política e teorias de 'causa e efeito'; questões éticas são abordadas, ideais são questionados, juramentos são postos a prova no momento de decidir de em qual lado lutar; todas as questões humanas são abordadas de forma sublime, deixando a história muito mais real do que ficcional ou fantástica.
Valeria a pena John colocar em risco a vida dos camponeses levando-os à batalha contra seu antigo exército – o mais forte e poderoso que existe? O Rei Beath realmente ordenaria que seu exercito levasse a cabeça de seu melhor amigo – quase irmão – após a guerra?
Acompanhamos, junto com todo o condado e o próprio Rei John, a construção da organização política de forma detalhada, as angústias de um rei nascido ao acaso, de um reino nascido da lealdade de um guerreio ao seu povo, onde o espírito humano é moldado com maestria pelas mãos do escritor. Vemos um desfile de personagens lindamente construídos, de extrema importância para o rumo da história, medidas certas de momentos emocionantes, surpresas e reviravoltas de tirar o fôlego e acelerar o coração.
 De um lado, o Rei Beath, responsável pelo crescimento do reino de Rehn. Do outro, o conde John, do condado Alandes, responsável pelos louros nos campos de batalha e por espalhar a fama de um reino próspero e sempre vitorioso. No meio disso tudo, um reino que sofre as consequências de uma crise agrícola que ameaça a vida do povo; Rei Beath, dado aos luxos da realeza, decide cobrar impostos mais altos aos povo sobre suas produções para manter seus costumes caros e ostensivos.
Por sua vez, conde John sugere o racionamento de suprimentos a todos – inclusive ao rei. Daí surge a luta entre o povo de Alandes e seu líder, conde John, e a coroa, em busca da separação de suas terras.
Até onde o orgulho ferido do Rei Beath será capaz de ir? E o que o futuro reserva para Alandes e seu povo? Só posso dizer que o final foi fantástico!!!

 A todo tempo em que eu lia este livro, uma frase de Ernest Hemingway no livro POR QUEM OS SINOS DOBRAM me vinha a mente. Ela diz: “Para fazer uma guerra basta ter inteligência. Mas para vencer é preciso talento.”
Um livro que deve ser devorado, sem medo.

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