[Crítica] Aquarius


Sinopse:

Clara (Sonia Braga) tem 65 anos, é jornalista aposentada, viúva e mãe de três adultos. Ela mora em um apartamento localizado na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por uma construtora conseguiram adquirir quase todos os apartamentos do prédio, menos o dela. Por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo, Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia.

O que eu achei?
Sonia Braga é reconhecida pelo seu grande talento como atriz em diversos filmes, novelas e séries. Em “Aquarius”, não seria diferente. A sua personagem, Clara, é uma mulher extremamente batalhadora, corajosa, forte e independente. Isso fica evidente no início do filme, pois, em um flashback dos anos 1980, durante a comemoração do septuagésimo aniversário de Tia Lúcia, é dito que Clara (versão jovem interpretada por Bárbara Colen) enfrentou um câncer o ano anterior e conseguiu sobreviver. Esse seria também um motivo para se agradecer e se comemorar.

Nessa mesma festa, é valorizada a força e a coragem de Tia Lúcia em diversos momentos de sua vida, mas o grande amor de sua vida não é mencionado na homenagem que foi feita por seus sobrinhos netos, filhos de Clara. Tia Lúcia relembra o nome do homem e diz que, mesmo sendo alguém casado, foi um grande companheiro, e que ninguém é perfeito. Vislumbres de memórias sexuais de Tia Lúcia são mostrados enquanto ela ouve as palavras das crianças, de modo que, desde o início, Aquarius trate o ato sexual com naturalidade em suas cenas.

Anos depois, é mostrado que Clara mora sozinha em um apartamento na Praia de Boa Viagem. É o apartamento em que viveu a sua vida ao lado de seu marido e acompanhou o crescimento de seus filhos. Um local de grande apego, de grande valor sentimental. Entretanto, uma construtora decide investir naquele edifício (cujo nome é Aquarius, fazendo jus ao nome do filme) e consegue comprar todos os demais apartamentos, sobrando somente o dela para que possa realizar as suas obras. 


Muitos tentam convencê-la a ceder à oferta, mas Clara não consegue cogitar a ideia de vender o seu lar. Os líderes do projeto elaborado pela construtora insistem e a perseguem de todas as formas, de modo que o público fique na dúvida se, em algum momento, Clara desistirá. É um dos questionamentos mais importantes do filme, que nos faz pensarmos em qual será o final dessa história e quais as consequências dessa luta, dessa resistência.

Aquarius, dirigido e roteirizado por Kleber Mendonça Filho, nos contextualiza dentro do cotidiano do Brasil, exibindo músicas nacionais de sucesso, fazendo críticas (como à poluição da Praia da Boa Viagem e ao hábito de pessoas de uma profissão se sentirem superiores às de outras) e mostrando o modo de vida em comunidades, regiões próximas a praias e questões sociais levemente abordadas.

Trailer:




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